O trabalho da madeira, testemunhando gratas memórias nas gentes do Alto Minho, das suas vivências no trabalho, manifesta-se permanentemente nas suas actividades, no cultivo dos cereais, sobretudo do milho, armazenado e "trabalhado" na sua secagem, recorrendo a espigueiros e ou canastros, aproveitando deles as óptimas qualidades de secagem natural da matéria-prima, base de um povo caracterizado por uma árdua e trabalhosa agricultura de subsistência.
Arcos de Valdevez e Ponte da Barca são as capitais dos Espigueiros, com exemplos arquitectónicos de subida importância, com ênfase no conjunto de Espigueiros do Soajo (Arcos de Valdevez) e Lindoso (Ponte da Barca), a meias com o Parque Nacional da Peneda-Gerês. São, também, fonte de inspiração de artesãos da região.
O bordado e a renda são o espelho da alma de quem os executa, buscando inspiração na natureza ao redor, natureza de contrastes, agreste ou suave, de mar e terra, rio e monte, tons suaves ou garridos, de sol, de céu, de flores, de peixes ou aves.
O Alto Minho é uma região onde a arte de bordar constitui importante e variada riqueza, espreitando por toda a "Ribeira Lima", parte integrante desta belíssima fatia de terra portuguesa, onde as bordadeiras e as rendeiras transmitem tradições e heranças.
São diversos os tipos de bordados executados, desde os afamados e tradicionais "trajes regionais", aos bordados feitos em peças de linho e algodão: toalhas, panos, centros de mesa, lenços, de entre outras peças, não esquecendo os emotivos Lenços de Namorados.
O cruzeiro, delimitado por gradeamento, integra o conjunto de elementos patrimoniais edificados pelo 1º Visconde de Sistelo, incluindo o fontanário, a casa do Castelo e o jazigo de Familia. Manuel Gonçalves Roque, natural da freguesia, construiu a casa depois do seu regresso do Brasil, daí também ser designada por Solar do Brasileiro.
D. Luís I, Rei de Portugal, concedeu-lhe o título de Visconde de Sistelo em 1880.
Conta Eugénio Castro Caldas que um pedreiro enriqueceu no Brasil e fez-se Visconde. Um seu companheiro de juventude, que por cá ficara e continuara na modesta profissão, ao passar defronte de um muro impecável não resistiu emocionado das recordações e exclamou: - Lembra-se Senhor Visconde, fomos nós que o fizemos! Parece que o Visconde nunca mais lhe perdoou a graça. Numa contradição entre espírito progressista e a nostalgia da velha ordem,
muitos foram os brasileiros que deram impulsos à escolarização e à modernização do país. A escola primária de Sistelo foi mandada construir por Manuel Roque.
Chafariz central composto por pilar quadrangular, decorado, em todas as faces, por motivos cónicos e em ponta de diamante, inscritos em almofadas côncavas quadrangulares, terminado em cornija sobrepujada por urna, e por tanque octogonal, exteriormente decorado por almofadas rectangulares e com rebordo saliente.
Cruzeiro de encruzilhada, com pedestal paralelepipédico, monolítico, cruz latina, alta, monolítica, quadrangular, ornada, em todas as faces por circunferências e pontas de diamante, inscritas em almofadas côncavas quadrangulares, tendo no cruzamento dos braços motivo raiado. Alminhas de carácter vernacular, formadas por nicho, de arco abatido encimado por cornija, assente em pilastras, e laje inferior com orifício para a caixa de esmolas.
Quanto à fauna, o Gerês é a região do País mais rica em caça grossa, apesar de ter sido extinta, pela maléfica acção do homem, a cabra selvagem. Além de javalis e de lobos, a serra tem veados, texugos, lontras, martas, tourões, etc. A águia-real, apesar de rara, persiste na vigilância das alturas do Gerês. Como também subsiste a perdiz-cinzenta, que é uma espécie pouco comum.
À fauna selvagem há, porém, que acrescentar duas espécies domésticas de elevado valor: o cão de Castro Laboreiro e o boi-barrosão. Nativo da serra do Soajo e do planalto de Castro Laboreiro, o cão de Castro Laboreiro é um animal de aspecto rude e bravo, que outrora era utilizado na caça grossa. Apesar de manso e fiel guardador, ainda hoje multa gente o considera aparentado ao lobo, ideia que é reforçada pelo facto de este cão sorver a água em vez de a lamber.
Nesta região montanhosa, a orientação diversificada do relevo, as variações bruscas de altitude, o entrelaçar das influências dos climas atlântico, mediterrânico e continental dão origem a uma infinidade de microclimas. Estes, associados à constituição essencialmente granítica do solo, criam características particulares, donde resultam aspectos botânicos muito especiais, que conferem ao Parque Nacional da Peneda do Gerês um lugar de primazia em relação à de mais flora portuguesa.
Assim, nas encostas dos vales mais quentes e abrigados aparecem, entre outras, o Sobreiro, o Medronheiro, o Azereiro, o Feto do Gerês, o Feto Real e a Uva do Monte. Nas zonas onde se sente mais a influência do clima atlântico e em altitude existe uma clara predominância do Carvalho.
Nas zonas onde se sente mais a influência do clima atlântico e em altitudes que podem ir até aos 800 -1000 metros surgem as matas de Carvalho Comum, que se associa muitas vezes ao Azevinheiro. Este podendo subir até aos 1300 metros, toma por vezes porte arbóreo e constitui nalguns casos, por si só, verdadeiras matas.
Acima dos 900 metros o Carvalho Comum cede o lugar ao Carvalho Negral, ocorrendo também o Vidoeiro, espécie já característica da zona euro-siberiana, tal como o Pinheiro de Casquinha e o Teixo, localizados em altitude, nos vales mais húmidos e abrigados e representando restos de uma flora pós-glaciar.
Animal forte, «de rija têmpera, sóbrio, muito cioso e rufão por índole», o garrano tem por habitat principal o vale do Gerês a norte da povoação do mesmo nome, alimentando-se de grande variedade de vegetais, desde ervas até plantas arbustivas e arbóreas. Apesar dos sucessivos cruzamentos que suportou ao longo dos séculos, o garrano é provavelmente um representante longínquo da fauna glacial do fim do Paleolítico.
Ponte de arco, de perfil em cavalete, suave, sobre dois arcos de volta perfeita, com talhamar triangular no pegão central.
O seu acesso é feito pela E.N. 202-2 (Arcos – Monção), em direcção ao lugar de Sistelo.
Esta ponte, do século XV e de arquitectura medieval, possui uma estrutura granítica de perfil levemente em cavalete sobre dois arcos desiguais de volta perfeita. A sua utilização actual é apenas de circulação pedonal.
Ponte de Sistelo de jusante
Ponte de arco, com tabuleiro horizontal sobre dois arcos de volta perfeita, com aduelas formando extradorso regular, flanqueados por olhais, em aparelho de silhares de granito e pavimento de calçada
Esta ponte localiza-se próxima da anterior mas um pouco mais a jusante no rio Vez.
É uma ponte oitocentista de arco, com tabuleiro horizontal sobre dois arcos de volta perfeita, de aduelas relativamente estreitas e compridas e pavimento de calçada, em pedra miúda.